sexta-feira, 10 de novembro de 2017

o céu
nunca está igual

osol océu


o céu
nunca faz mal


o céu  o céu o céu
nunca está igual
no meu metro quadrado
o céu nunca está igual

no meu metro quadrado

só meu
no meu metro quadrado
ninguém pense em entrar

é meu metro quadrado
nem pense em entrar

é MEUU metro quadro
nem ouse EM ENTRAR


você.......lento
tem seu metro quadrado

e o sol e o céu
o céu nunca está igual
no seu metro quadrado também

nem no meu metro quadrado
 o meu meio meio metro
inteiro

graças a deusa
graças a deusa

no meio metro quadrado
que é só meu

meu pedaço de terra
no meu metro quadrado ninguém entra
a não ser que eu queira

meu pedaço de sol
o meu céu nunca está igual

o céu nunca está igual

no meu pedaço de céu



domingo, 3 de setembro de 2017

desafinei
mas não foi tão ruim
você me disse:
assim como romantizamos o amor
idealizamos a nós mesmos
estimamos a tudo no mundo
mas nada é nada além do que o que se é
nossos sonhos perfeitos não passam de sonhos

nesse dia aprendi
amor não envolve pedestais
amor próprio tampouco é sobre pódios

a vida não é uma competição
apesar de eu sempre sentir que estou perdendo

sábado, 2 de setembro de 2017

disseram que não se evolui sem antes morrer um pouco
ou um muito
sem antes chorar cada pedaço que cai sem vida
e enterra-los em partes
lentamente
mas sem cerimônias ou velórios
é cada um cavando sua própria cova

cada morte vem sem aviso prévio
é visita inconveniente
é feito uma ponte que se rompe
quando já se havia construído uma casa do outro lado
de um rio desconhecido e profundo
onde habitam monstros gigantes alienígenas
cada morte te incomoda
te tira o rumo
te tira o sono

de repente se nublarão os olhos
e será preciso morrer pra enxergar outra vez

então questiona-se mói-se remói-se
até que ponto não poderia eu ter construído meu próprio barco?
até que ponto não poderia aprender a nadar?
e quem sabe
até que ponto enxergar é preciso?

é preciso
e precioso

aprendizados são o que vem depois do luto
revoluções não são confortáveis

parece que são as dores que movem o mundo afinal

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Por que será que
Se eu vejo esses símbolos e signos e letras
Eles fazem sentido
E eu os entendo
Do mesmo jeito que você?
Você também entende
Quando alguém fala de amor
Assim como eu
Ainda que o amor não se veja ou se toque
Você entende
E da mesma forma ainda
Quando falamos das cores
Você entende
Mesmo que o faça com os olhos fechados
Na sua mente você pode diferenciar 
O vermelho do verde 
A guerra da paz
O gosto da boca e o do corpo
Você 
Que está em outro planeta
Que está a tantos quilômetros
Que está na minha cabeça
Ainda
Você entende tantas outras coisas
Complexas
E ainda que me pudesse ver ou tocar
Você não me entendeu
Eu
Que estive nua
Que estive ali
o amor
é uma criança
de 3 bilhões de anos

quinta-feira, 22 de junho de 2017

a constante iminência de um surto
rebatida com a constante iminência de um conforto
abafando a própria mediocridade dentro da própria grandeza
o próprio privilégio dentro da própria incapacidade

assim como qualquer linguagem
seja o português ou o árabe ou o tupi
ou a nona sinfona de bach
ou o pixo do ponto de ônibus do eduardo gomes
ou a forma que eu te olho do canto de olho toda vez que você passa ainda
com cada uma sinto a vida bonita e limitada de uma forma diferente

quarta-feira, 29 de março de 2017

todo dia
pisava em ovos

tenha muito cuidado
ha um ovo pelo caminho
um não, vários
dentro do sapato
no tapete da sala
na festa da família
na fila da padaria
no caminho do moura até a didática 5
da sua casa até a dela

muito cuidado
pra não
quebrar
os ovos
!

certo dia
num tropeço
um descuido
passou um sorriso
que reluzia
lhe clareou a vista
mas ela
coitada
coitada não
não tenha pena
ela pisou no ovo
e dessa vez
não teve jeito
quebrou
e agora?

mulher, ia fazer o que?
botou o ovo pra fritar
na manteiga de fazenda
comeu com cuscuz
e leite
e que delícia ficou

mais ovos viriam
não tinha mais medo
de quebra-los
se preciso fosse
se se distraísse, apenas
poderia ser bem gostoso até também
correr o risco

quarta-feira, 22 de março de 2017


acho que me preocupo demais com minha autoimagem
e a que projeto pra fora
e todas
as outras
minhas versões
e me despreocupo, parece, perdoo a dos outros
eles podem errar, e eu entendo, mas eu não posso
é duro demais de aguentar
sustento o vício de querer sustentar o certo
o mais correto, o mais agradável, o mais descolado, o mais mais
e quando vejo o tempo todo que sou menos
me sustento em outras coisas fúteis para criar sensações opostas, e tao breves, falsas
me coloco pra trás
pra baixo
pra dentro
mas quero estar olhando tudo
e sugando inspirações com uma sede de quem ta no meio do deserto do saara
achando que não vai dar tempo
porque é muita coisa
é muita ideia
é muito vontade
acho que não vai dar mesmo tempo
de fazer
de fazer você ver como eu vejo
que não é o que passo por fora
eu quero que você veja que é muito mais
mas acho que não vai dar tempo
de
vomitar
tudo
e então que é melhor nem começar
nem vou fazer nada
pra que, se não vai dar tempo
e não vai ficar do jeito que eu quero
e portanto não vou ser a melhor a mais mais descolada a mais agradável

será que o problema portanto
não esta comigo o tempo todo
que carrego uma necessidade estupida e mesquinha
de agradar e de ser perfeita
apesar da curiosidade, do respeito, da empatia
de calçar os seus sapatos tantas vezes e sofrer com você
não calço os meus próprios
eles não se bastam

não tenho coragem
de errar e tampouco arriscar
mas a minha perspectiva não é
melhor
nem pior
que a sua
e não precisa
é só diferente
e eu não preciso ficar confortável se não concordar com você
pois tudo bem
se desconfortar também
afinal tenho meus próprios vícios e pesos
e vias
para respirar
e você nunca vai saber como é que se sente com os meus ossos
assim como eu não saberei dos seus

e isso não é uma competição

quinta-feira, 2 de março de 2017

por que não ha o amor
do mundo todo
de ser um só
e então curar
toda a doença
do próprio mundo
trazer conforto
e um pouco de paz
como sendo o abraço da terra
como é de fato
ao invés de fragmentar
e cavar tantos buracos
em nossos corações
e atar-nos em tantos nós
enquanto nos preocupamos
somente
em sermos livres

-não quero
estar presa
à escolha
entre o meu e o seu amor-
por que não podem
enfim
ser um só?



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

mergulho
neste
ocê ano
e me afogo
quando tento
respirar
outro ar
se não o que sai
da sua boca

me mato um pouco
toda vez
mas logo volto
pelas beiradas e

mergulho

até

o

fundo


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

ouvi dizer
que o coração de cada pessoa
bate num ritmo diferente
próprio
necessario
e essencial
(de dentro pra fora)
imagine só que bela orquestra
toca a humanidade 
vai saber se é verdade
não entendo a ciência das palpitações
ou a anatomia do coração
(não entendo nada)
mas posso afirmar
racional e empiricamente
em qualquer revista acadêmica
fila de banco
ou mesa de bar
que a sua
é a mais bonita
da terra
ainda mais
quando descompassa
acelera o ritmo 
com minha respiração
na sua orelha
e em seguida desacelera
afunda-se em um sonho límpido
(do qual não se lembra)
e cada vez que 
me desafia
a que eu me mantenha no tom
desafino
erro meu próprio tempo
me confundo
perco o compasso
chego a dois milhões
e até mesmo zero
batidas por segundo
(no mesmo segundo)
desafino
e entao me entrego
a nossa sinfonia
desatinada

-não haveria
hoje
no mundo
batida mais harmônica-

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

eu te vejo nessa bolha
a que eu vou me meter
a que eu vou estourar

mas só no dia
que tiver coragem
de dizer que te amo
com a mesma boca
que nunca falou
que tem medo
de te perder


se você soubesse
o tanto de espaço
que ocupa em mim
(cabeça, coração,
glândulas sudoríparas
entre outras...)
entenderia o porquê
de eu parecer chapada
e não conseguir responder
às questões mais óbvias
e assim te dar riso
ou quem sabe agonia

eu te vejo nessa bolha
e fico na minha