terça-feira, 1 de novembro de 2016



se sai desfazendo em um fio, a nuvem,

e eu posso usa-lo pra costurar


minha pele na sua

bordar mais cores no nosso desenho

nas roupas que jogamos pelo chão

da sala, corredor, quarto

(eu nem sei bordar

mas nunca quis tanto)




a nuvem se desfaz em uma fotografia

daqueles flagras do que não foi ensaiado

nem se repete jamais

de trocas de olhares despretensiosos

honestamente não queriam dizer nada

a não ser estar ali

(talvez dissessem:

obrigada por me olhar também)




deixou de ser miopia, a nuvem

deixou de ser a neblina

que me impedia de enxergar

se desfez de vez

não tem volta

me despeço

pois hoje ela choveu

e nos deixou assim

molhadas