sábado, 2 de setembro de 2017

disseram que não se evolui sem antes morrer um pouco
ou um muito
sem antes chorar cada pedaço que cai sem vida
e enterra-los em partes
lentamente
mas sem cerimônias ou velórios
é cada um cavando sua própria cova

cada morte vem sem aviso prévio
é visita inconveniente
é feito uma ponte que se rompe
quando já se havia construído uma casa do outro lado
de um rio desconhecido e profundo
onde habitam monstros gigantes alienígenas
cada morte te incomoda
te tira o rumo
te tira o sono

de repente se nublarão os olhos
e será preciso morrer pra enxergar outra vez

então questiona-se mói-se remói-se
até que ponto não poderia eu ter construído meu próprio barco?
até que ponto não poderia aprender a nadar?
e quem sabe
até que ponto enxergar é preciso?

é preciso
e precioso

aprendizados são o que vem depois do luto
revoluções não são confortáveis

parece que são as dores que movem o mundo afinal

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