segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

minha querida senhora,
és primeira dama de ninguém
e proprietária única do próprio nariz
nao deves tolerar
ou simplesmente resistir
desnuda-te
afirma-te
coloca-te
como o que és:
tua

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

- E eu na fossa, na lama, no esgoto do amor...
- Mas é o preço que se paga! É uma lama gostosa! É um esgoto que fede pra caralho, e esse cheiro ocupa todo lugar por onde você passa, em cada inspiração que você involuntariamente faz.
- Lama gostosa, porém vou ficar um mês sem ele...
- Um mês se sujando na lama do amor, se melecando, se entregando ao mau cheiro. Você tem que ser forte, essa faca já está apunhalada no seu peito, não se pode mais resistir...

Sobre a saudade

"(...) El olor del mar le gustaba tanto, que deseaba respirarlo puro algún día y en grandes cantidades, a fin de embriagarse de él. Y más tarde, cuando se enteró de lo grande que era el mar y que los barcos podían navegar durante días sin ver tierra, nada le complacía tanto como imaginarse a sí mismo a bordo de un barco, encaramado a una cofa en el mástil más cercando a la proa, surcando el agua a través del olor infinito del mar, que en realidad no era un olor, sino un aliento, una exhalación, el fin de todos los olores, y disolviéndose  de placer en este aliento."
"Yo organizo con el fin de acertar
Equilibrando la atención

Sello la entrada del Florecimiento 
Con el tono Rítmico de la Igualdad

Me guía mi propio poder duplicado"

sexta-feira, 31 de maio de 2013

"Tudo era tremendamente interessante, tudo me deixava atento e tenso, e de tudo vinha uma tristeza serena e sem dor que se infiltrava no meu coração. E nas pessoas a tristeza e a alegria viviam lado a lado, quase inseparáveis, e uma tomava o lugar da outra com uma rapidez inconcebível, inapreensível."

terça-feira, 28 de maio de 2013

Revivre - Gerárd Manset

"Gostaríamos de reviver
Mas na verdade isso quer dizer
Que gostaríamos de viver novamente a mesma coisa
E tocar com a mão aquele ponto que não tem volta
E sentir-se tão longe, tão longe da sua infância
Mesmo com frio e chorando
Ainda assim se pensa que,
Se os céus o permitissem, seria bom reviver
Mas na verdade isso significa
Que gostaríamos de viver novamente
A mesma coisa
Não chegou a hora de descansarmos
Precisamos refazer aquilo que amamos
Mergulhar novamente no frio dos dias efêmeros,
Sempre os mesmos
Sentir-se tão distante de sua infância
Mesmo com frio e chorando, pensamos…
Sou eu!
…que não tivemos tempo de terminar o livro…
Que começamos a ler ontem
O livro da vida límpida e ingrata
Quando éramos salmões subindo e descendo
Quando éramos salmões em rios enlameados
Onde nos tornamos transeuntes anônimos
Cabeludos, descabelados,
Cabeludos, descabelados, disformes,
Dizendo que seria bom reviver…
Reviver…
Embora ainda seja meio-dia
o dia está chegando ao fim
Nada significa mais nada
Acabou-se o sonho
Vemo-nos a nos levantar
a recomeçar, a sentir
subir a seiva
Mas isso não pode
Não, isso não pode
Não pode.
Estou voltando para casa"

segunda-feira, 27 de maio de 2013

"A few times in my life I’ve had moments of absolute clarity.
When for a few brief seconds the silence drowns out the noise and I can feel rather than think, and things seem so sharp, and the world seems so fresh. It’s as though it had all just come into existence.
I can never make these moments last. I cling to them, but like everything, they fade. I have lived my life on these moments. They pull me back to the present, and I realize that everything is exactly the way it was meant to be."
(A Single Man - Tom Ford)

Restart to continue

Eu acho que é hora. Quer dizer... Sempre que eu me sinto pronta, as coisas dão um jeito de escapar entre os meus dedos. Eu as observo escorrendo, estico as mãos, e observo. Não há nada que se possa fazer sobre isso, nesse momento.
"Please, restart to continue"
and I do, and it doesn't...

E nada mais faz sentido.

Tão desprezível, tão miserável. Uma tristeza tão mesquinha, mesmo assim tão profunda. Uma poeirinha de incredulidade tornando míope o coração. Nenhum conforto às vistas. Só injustiça.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Nunca vi graça em números inteiros

4h28

Ainda era noite. Eu estava sozinha da cidade. Abandonei, involuntariamente, aquele velho sonho e voltei ao plano onde havia deixado alguns debates em aberto, alguns nós afrouxados, quem sabe a iminência de um perdão. 

6h13
Toca o despertador. Acordei, eu estava sozinha na cidade. O chão estava molhado. Era tudo tão escorregadio...

sexta-feira, 15 de março de 2013

Cloudy

Às vezes eu fazia chover.
As minhas nuvens eram mesmo muitas, e nem sempre provinham de boas massas. Às vezes eram tão desnorteadas que só me restava agitá-las em ventanias, de modo que me deixassem agarrar uns raios de sol, ou até mesmo nublar de uma vez. Quando isso acontecia, eu fazia mesmo chover. Tempestavam em mim raios de ideias, trovões de dúvidas, dívidas, CABUM! CABUM!, relâmpagos de lembranças, gotinhas inquietas, e, ploc-ploc-ploc, inquietíssimas a molhar o meu coração... Então eu, arduamente, comprimia tudo aquilo em uma expressão de indiferença, e, descalçando meus sapatos encharcados de lágrimas, esperava pelos arco-íris. Nem toda vez se mostravam pra mim, é bem verdade, essas coisas não se vem tão de graça. É preciso provar pré-disposição.

Hoje não chove, tampouco molha. As nuvens pairam em seus devidos lugares, mas eu ainda insisto em esperar por mais um arco vermelho-violeta. Hei de conquistar seus potes-de-ouro!




segunda-feira, 11 de março de 2013

Feito os jesus de azulejo do banheiro da minha vó, nada mais me confundia tanto. Era ele.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Procura-se

Alguns sentimentos não são tão raros de vir à tona, mas, para isso, estão à mercê de três circunstâncias: 
1) perder a fé na humanidade 
e/ou 2) perder a fé em si mesmo
e/ou 3) perder-se.

Quando acontecida a perda, o espírito se rende ao calor do sofá, ao aprisionamento debaixo das cobertas e logo pendura um aviso na porta do quarto, "hoje não estou".
Os sintomas em geral se apresentam em torno de uma vontade: fugir, ou, ao plebeu, enfiar a cabeça num buraco. E nunca, é preciso destacar, nunca há buraco profundo o suficiente. Não há café, bloco de rua ou comédia-pastelão que levante, não cabe aí o poder. O que cai é muito mais que uma lágrima descrente, é lágrima decepcionada. E que me perdoem os ateus!
Resta, assim, esperar pelo tempo que, de súbito, bate à porta. De certo vem com o lembrete de que tem consigo uma espécie de remédio que arrume toda a parafernália espiritual. Uma hora há de fazer efeito!

E, é bem verdade, o que se perdeu nunca será recuperado, mas ao seu lugar nasce o novo: mais firme, mais forte.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013


E a quem eu quero enganar?
Eu sou meu próprio ódio
A conformação do que rejeito

E aos meus 16
Eu tenho tanta certeza que vou morrer cedo
E assim levanto meu copo ao alto
Mas sonho com uma velhice perfeita
Que já preencho com tantos planos 
Amor e aposentadoria 
Tempo livro para ler
Conselhos pra dar pros netos

E então as circunstâncias se sobressaem à essência

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Eu não vou fingir que não posso escutá-la. Talvez tenha mesmo alguma dificuldade de fazer seu barulho inteligível, e possa se confundir, se esconder entre os gritos e sussurros e as lullabies dos meus sonhos lúcidos. Talvez tenha mesmo se perdido, mas nunca deixou de estar presente. E tudo o que eu menos quero é fazer-me mais uma vez surda, ignorar esta voz, mal interpretá-la, mal aproveitá-la. A voz que carrega agora a palavra final, ou o próximo ponto-e-vírgula: a do meu coração.
-
Certas coisas não se explicam, não se cantam, não se desenham. Coisas deste feitio são feitas para serem choradas. É tudo o que resta a elas; é o mais puro vômito do irracional; é a concretização da impotencialidade, da confusão entre a lembrança e a possibilidade, entre o intangível paraíso e o ego.
São essas coisas a essência que nos é intocável e invisível aos olhos, aos ouvidos, aos corações...
Porque, neste momento ou em qualquer que seja, nós somos nós e nossas circunstâncias, essas que subjugam nossos ombros. E nunca seremos tão quanto pesamos...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Leveza

Não, felicidade não traz inspiração, mas, leve, leva. Aos que inspiram os mesmos ares e sonhos, ela chega;  dos que a exalam, leve, ela vai. Se não é levada, é leve, mas leve longe! Leve aos corações desiludidos, leve, como um intocável troféu alheio. Provocando vontade de voar (quiçá cair), levando a, no fim do caminho esburacado por suspiros afiados, encontrar-se, finalmente, na arte.
Assim, leve, inspiradora. Leve-a!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Como Frida

E, como Frida, eu bem que tentei afogar minhas mágoas
Mas as malditas aprenderam a nadar,
Perseguem-me em forma de suspiros
(Porventura saudades)...