quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

pa.to.lo.gi.a



sera o amor patológico

um vírus
um desvio
que desestrutura
que tritura
em pedaços
o coração
e arranca
uma
por
uma
cada unha
cada pele
cada fio de cabelo
(estão espalhados
na sua cama)
que suga
cada parte
de energia vital
em troca do
preenchimento
da falta
que você faz
da plenitude que é
não se sentir só
mas
genuinamente-
habitada
nesta casa que
ha muito esteve vazia
que estranha cada vez
que abre as portas
que é invadida
por quem não pediu licença
por quem bagunçou tudo
tudo-
esta casa que é meu corpo
que ha muito esteve vazio
se desestrutura
se contorce em
gozo
ao carregar seu peso
o qual não sei se preenche ou consome
o vazio
mas certamente
aquece
umedece
fere até

e o sangue é quente


(diz-se que esta patologia
não tem cura
tampouco trata-se
diz-se contudo que
o tempo é capaz de trazer a resistência
de aceitar a bagunça sobre a qual não se tem
controle algum)

terça-feira, 1 de novembro de 2016



se sai desfazendo em um fio, a nuvem,

e eu posso usa-lo pra costurar


minha pele na sua

bordar mais cores no nosso desenho

nas roupas que jogamos pelo chão

da sala, corredor, quarto

(eu nem sei bordar

mas nunca quis tanto)




a nuvem se desfaz em uma fotografia

daqueles flagras do que não foi ensaiado

nem se repete jamais

de trocas de olhares despretensiosos

honestamente não queriam dizer nada

a não ser estar ali

(talvez dissessem:

obrigada por me olhar também)




deixou de ser miopia, a nuvem

deixou de ser a neblina

que me impedia de enxergar

se desfez de vez

não tem volta

me despeço

pois hoje ela choveu

e nos deixou assim

molhadas

segunda-feira, 10 de outubro de 2016



dure

contre

le

mur







hoje me pegou de novo a melodia


o zumbido quentinho

no pé do ouvido

toda vez é assim…




vem baixinho

mas vibra forte

não da pra ignorar

me invade

completa e plenamente

me lembra que pertenço


a nenhum lugar

senão a esse mundo.




se dou corda

ganha intensidade

é maior que eu

às vezes até

se bota pra fora

me encho de mim

e sozinha não me aguento


(você sabe

me transborda)




mas não tenho dado tanta corda

ando fora de orbita

onde é que eu tou?

qual é o meu nome?




bem verdade é

aquela melodia é gravidade

da próxima vez que me pegar


me entrego

quinta-feira, 15 de setembro de 2016



tanto quanto a minha

tão bagunçada é sua cabeça

feito essas constelações que não consigo identificar

mas acho tão bonito olhar

ainda que me façam tão pequena

é a coisa mais interessante do mundo

não me atrevo a entender


eu abro e fecho os olhos

e continuam la

não estão?










eu acho que vou explodir


toda vez que você chega.

terça-feira, 29 de março de 2016

desisto
e admito
não tenho coragem
de ser
nem
de estar
não vejo
pra que
lutar

pra que?
pra quem?
pra quando?

agora não
que ta cedo
que ta tarde

aqui não
que não é sua casa
que não é de sua conta

você não
que não é sua causa
que não tem mais o que fazer?

nem pra ela
que ta nova
que ta velha

que escafedeu-se

pobre menina
agarrou-se ao recomeço
que não tem volta

domingo, 20 de março de 2016

eu sinto tanto
e aqui dentro é pesado
aqui dentro esta bem amarrado
não sai de mim
o que sinto

sinto tanto
todos os dias
por me carregar
pesada
no entanto
flutuando
sobre meu próprio chão

sinto tanto
por olhar o vento
passar e levar meus cabelos
trazer um cisco de poeira no meu olho
e eu chorar
sinto tanto
por não saber explicar
se foi sorte ou azar
de ter sido comigo

de ser eu
aqui
agora

sinto tanto
por não pode medir
ou desmedir
os sonhos
que trago
os meus
os seus
os que não tem prazo
os que são pesados

sinto tanto
por viver vários planos
ao mesmo tempo
agora
e em nenhum deles
sentir-me plena

sinto tanto
esse peso
que me puxa pra cima
mas aparece
em um sorriso