quinta-feira, 3 de março de 2011

Diálogos perdidos

Eu queria conseguir lembrar detalhadamente daqueles nossos diálogos. Lembrar que eu já não lembro tanto deles me faz querer esquecê-los de uma vez, só pra me livrar dessa agonia de saber se eu não te falei nada que, em dias mais normais, teria me constrangido. Pelo menos não eram dias normais.
Não consigo lembrar sobre o que tanto conversávamos. Lembro que eu discordava, e você argumentava, e vice-versa, e então chegávamos a conclusões que modeladamente se encaixavam em ambos. Se foram diálogos produtivos ou não, não lembro.
Queria lembrar.
Mas já faz muito tempo, e não eram dias normais.
Ah, tempo bandido. Vai passando e levando consigo meias lembranças. Porque não as leva por inteiras?
Talvez eu devesse parar por aqui. Tá tudo tão confuso, me trazendo insegurança.

Mas, não, não me deixe parar por aqui. Dialogue comigo denovo.

Quero lembrar. E esquecer. E lembrar.

quarta-feira, 2 de março de 2011

De passagem

Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Mas não me diga isso
Hoje a tristeza não é passageira
Hoje fiquei com febre a tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela parecerá uma lágrima

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humor
Mas não me diga isso
É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
(...)

Renato Russo